sábado, março 03, 2007

Por um Lugar ao Sol

“Se o povo roma (ciganos da Europa de Leste) exigisse um Estado, numa qualquer região da India (país de onde iniciaram a sua diáspora), seria sensato e lógico ceder a tal ambição?”
Pergunta o Carlos.
A primeira resposta que julgo ser adequada é em forma de outra pergunta: Porque o povo Roma não exige um Estado, numa qualquer região da Índia?
A resposta a esta segunda questão esclarecer-nos-á a primeira. Se o povo Roma não sente necessidade em voltar para a Índia, é porque talvez esteja melhor no Leste da Europa que estaria na União Indiana. Mas mesmo que sentisse vontade em voltar para a Índia, a pergunta a ser colocada seria, em que medida é que isso impediria o direito ao povo judeu de criar o seu Estado? Na verdade e a meu ver, a não concretização do direito de alguns não deve servir de argumento para a não realização do direito de outros. Não me parece correcto partir do princípio que se determinado grupo não consegue atingir os seus objectivos se deverá impedir a sua realização àqueles que têm condições para tal.
Ora, o que se passou com os Judeus é que, desde que foram expulsos daquela zona do Médio Oriente (onde se encontra actualmente Israel e – acredito – a futura Palestina), sempre quiseram para lá regressar. Quiseram-no na medida em que não a deixaram de sentir como sendo também a sua terra. Foi por esta razão que, logo a seguir à 2.ª Guerra Mundial, não aceitaram ir para o Uganda ou para Angola. Quiseram o Médio Oriente.
A meu ver, é esta a razão que confere toda a legitimidade à existência de Israel e impede que se fale de ocupação. Sucede que, a juntar a este argumento, surge um outro que é histórico. Uma perseguição que durou séculos. No fundo, o sempre os Judeus terem sido expulsos (quando não mortos) por não viverem na sua terra. Falo, naturalmente da Inquisição e do Holocausto. O Holocausto foi um golpe brutal, suficientemente brutal para dizer ‘basta’. Depois dessa carnificina, os Judeus, além da primeira razão (que apenas a eles os convencia) tiveram um argumento de peso para criarem um Estado Judaico: Um local onde jamais fossem perseguidos. Só com um Estado, com um exército (para Ben Gurion o exército era a base de Israel) haveria segurança, tranquilidade e um desenvolvimento harmonioso da sociedade judaica.
Por estas duas razões eu sempre fui favorável à existência de Israel e de um Israel Judaico. Foi esta luta ‘por um lugar ao sol’ que constantemente me fascinou e sempre admirei. Claro que a Palestina deve existir. Mas note-se que Israel nunca se opôs à Palestina. Desde sempre a aceitou como sua vizinha. O problema foi que os outros vizinhos árabes nunca quiseram Israel e logo à partida o atacaram. Ora, não é possível viver paredes meias com quem nos quer destruir.
Pelas razões que aqui expus, julgo que o problema Israelo-Palestiniano, não está na existência de Israel, mas sim na negação do seu direito enquanto Estado, por parte dos árabes. Logo, todas as duvidas que questionem a sua legitimidade pecam por acertarem ao lado do problema. Eu sei que é tentador estar do lado dos mais oprimidos, mas muitas vezes não chega.

(André Abrantes Amaral)

0 comentários:

Twitter Delicious Facebook Digg Favorites More