quinta-feira, setembro 25, 2008

ASTROLOGIA CIGANA





Os pontos eróticos de cada signo


Punhal

Como o Ariano, tem disposição de sobra para o sexo, procura uma pessoa que seja ardente e ousada. Para agradá-lo, o melhor é entrar no clima e realizar suas vontades e fantasias. Os pontos eróticos são a Cabeça e o Pescoço. Lugares para Transar: adora locais ousados, que tornam o sexo mais emocionante, como elevadores ou locais públicos.

Coroa
Ele é um expert em preliminares e costuma levar o seu parceiro(a) ao delírio com beijos ardentes. Para este signo, o sexo tem de acontecer naturalmente. Além disso, tem preocupação em oferecer prazer. Seus pontos eróticos são os ombros e o pescoço. Lugares para transar: os luxuosos e requintados são os que mais fazem a cabeça deste signo.

Candeia
Criativo, o geminiano adora um clima exótico na hora de transar. Monotonia passa longe deste signo e cada dia precisa ter um sabor diferente do outro, odeia rotina no sexo. Pontos eróticos: mãos e Braços. Lugares para transar: Para Gêmeos, os locais pouco convencionais, como uma praia deserta e o campo, são os melhores.

Roda
Este é superatencioso e costuma cobrir seu parceiro(a) de carinhos na hora do sexo. Não curte transar só por atração física, precisa ter algum sentimento pela pessoa. O peito e as axilas são seus pontos eróticos. Lugares para transar: Curte locais seguros e convencionais, mas, às vezes, topa se arriscar as margens de uma lagoa.

Estrela
Para o Leonino, a sintonia sexual é muito importante. Tem vigor e
disposição e, se está com uma pessoa que acompanhe o seu pique, pega fogo na cama. Para ele é muito importante se entregar totalmente e explorar as fantasias. Os seus pontos eróticos são as costas, os olhos e os órgãos genitais. Lugares para transar: Não costuma se importar muito com isso, mas a preferência é por locais exóticos.

Sino
O Virginiano gosta de fazer sexo sem pressa, deixando as coisas
acontecerem. É muito vaidoso e se mostra sempre preocupado com o conforto do parceiro(a). O único probleminha é a timidez na cama. Seus pontos eróticos são o umbigo e a virilha. Lugares para transar: prefere locais limpos e organizados para ter prazer. Um banho a dois pode ser ideal.

Moeda
Muito atraente, este signo é sensual e ardente na hora H. É sempre um vulcão prestes a explodir de prazer.Se quiser deixá-lo louco, abuse nas preliminares, dos carinhos na nuca e órgãos genitais , pois são seus pontos eróticos. Lugares para transar: Locais proibidos e misteriosos fazem sua cabeça na hora da transa. Elevadores e prédios abandonados deixam seus desejos à flor da pele.

Adaga
Este é muito mais preocupado com a qualidade do que com a quantidade. Os preliminares são fundamentais e não dispensa carinhos e palavras suaves. As nádegas e a região lombar são os pontos eróticos.Lugares para transar : Um jantar à luz de velas, com música lenta de fundo podem dar origem a uma grande noite de amor.

Machado
A regra na transa para este signo é: pura adrenalina sempre. Um dia não pode ser igual ao outro, aventura e emoção fazem parte de todos os setores da vida dele. Coxas, pernas e quadris são seus pontos eróticos. Lugares para transar: Uma praia, a cobertura de um prédio ou um campo são os locais ideais para liberar seus desejos.

Ferradura
Adora tomar a iniciativa e costuma cobrir a pessoa amada de carinhos e atenção. Não é muito chegado a inovações e idéias exóticas na hora do sexo, mas sua sensualidade chega a surpreender em certos momentos. Seus pontos eróticos são: boca, joelhos, e costas. Lugares para transar: Prefere locais reservados, como a sua própria casa ou um motel bem discreto.

Taça
Nos momentos de intimidade, o Aquariano coloca para fora as mais estranhas fantasias sexuais. A sintonia mental e espiritual é importante para este signo, que tem como seus pontos eróticos os pés, os tornozelos e as pernas. Lugares para transar: imprevisível na hora de escolher um local para fazer amor, o importante para o aquariano é curtir as mais diferentes sensações.

Capela
Ele é puro carinho na hora da transa. Adora dar e receber muitos cafunés e palavras doces. É um ótimo amante e deixa o seu parceiro(a) nas nuvens. Seus desejos são estimulados pela energia incrível que possui. Não gosta de rotina e os pés e as costas são seus pontos eróticos mais sensíveis. Lugares para transar: Para ele um quarto decorado com toques místicos pode ser o ideal para curtir o prazer.

Cigana Ana Natasha

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sexta-feira, março 28, 2008

O OLHAR CIGANO



Por: ASSÉDE PAIVA

Revisão: Acir Reis



Ver é transpor as barreiras da carne.
Hartis, o cigano, apud Pierre Derlon

“A multitude of copper vessels gleams on ceiling and wall like gypsy eyes in the firelight.”
The National Geographic Magazine, October, 1957, p.575.

Agora vamos tratar, em detalhes, desta inconfundível marca cigana: o seu olhar. Sabemos de outras qualidades exteriores destes nômades, mas não falamos de suas qualidades físicas/psíquicas intrínsecas e, dentre todas, sobressai o seu olhar que é como que uma impressão digital, indelével, inconfundível, intransferível. Os ciganos têm usos e costumes peculiares: Se nômades, usam roupas estampadas, tranças nos cabelos, dentes claros e alguns dourados. Têm moral especial sobre virgindade, amor aos filhos, respeito aos velhos, danças celebrando a vida, leitura de sortes etc. Se sedentários ou seminômades, trajam como nós, os não-ciganos. Variam esses detalhes de uma vista para outra, e entre autores que enfatizam ou minimizam certos estilos, comportamentos ou maneiras de ser desses nômades. Num ponto todos são concordes: o poder do olhar cigano. Sempre encontrei referências no mesmo sentido, qual seja um olhar de que não se esquece facilmente, um olhar que escrutina nossa alma, que desvenda nossos mais secretos pensamentos.


Aqueles que não concordarem com as traduções que fizemos ou mandamos fazer, poderão ler direto nos originais, que fizemos questão de transcrever. Solicitamos e agradecemos todas as sugestões que nos enviarem.


Eu digo: Não há nenhum olhar tão maravilhoso como o do cigano!


Pittard (1867-1962) atribuía-lhes [aos ciganos] um lugar extremamente honroso na estética humana. Encontram-se entre eles com freqüência homens muito escorreitos e mulheres muito belas. A sua tez ligeiramente trigueira, o cabelo de azeviche, o nariz direito e bem formado, os dentes brancos, os olhos castanhos muito abertos, de expressão ora viva, ora lânguida, a elegância em geral da sua postura e a harmonia dos seus movimentos colocam-nos bem acima de muitos povos europeus no que se refere à beleza física. Apud Angus Fraser. In História do povo cigano, p. 28.


Nossos artistas exponenciais cantam assim:


A cigana

(Roberto e Erasmo Carlos)



Na distância vi seu vulto desaparecer.
Nunca mais seu rosto eu pude vê.
Uma vez você apareceu na minha vida,
eu não percebi você de mim se aproximar.
Não sei de onde você veio e nem perguntei.
Talvez de alguma estrada que eu ainda
não passei
Seu olhar me disse tanta coisa num momento
parecia que podia ler meu pensamento.
E no seu sorriso mil segredos percebi.
Então nos seus mistérios de repente me perdi.
Minha mão você tomou nas mãos e conheceu
minha vida inteira e o seu encanto me envolveu
Toda minha história leu nas linhas que mostrei.
O que estava escrito e o meu amor eu lhe entreguei.
Hoje você anda por lugares que eu não sei.
Vive nos meus sonhos e nas lembranças que guardei.
Disse tanta coisa quando leu minha mão.
Você só não previu a minha solidão.



Outro poema do nosso cancioneiro popular:

Cigana feiticeira
seu feitiço me pegou,
a luz do seu olhar
tem tanto fogo e me queimou.
Pela primeira vez
que você leu a minha mão,
deixou uma fogueira
dentro do meu coração.

Cigana feiticeira
feiticeira, ai meu Deus!
Eu gasto tudo, tudo,
pelos carinhos seus.
Me diga só
que tenho de fazer
pra virar cigano
e morar com você.



Passaremos a dar alguns recortes de historiadores, escritores, romancistas, compositores, poetas, etnógrafos, antropólogos e outros pesquisadores/autores consagrados; iniciando com Grellmann3:


Their lively black rolling eyes, are, without dispute, properties which must be ranked among the lift of beauties, even by the modern civilized European world, p. 9.


[Seus olhos vívidos, negros, revirados são, sem contestação, únicos e devem ser classificados entre padrões de beleza, nivelados ao mundo moderno, europeu.]


George Borrow em Os ciganos (os zíngaros ou uma descrição dos ciganos de Espanha4), na Introdução, pp. 28 e 29, quando descreve três ciganos, assim expressa:


... the eyes large, overhung with long drooping lashes, giving them almost a melancholy expression, it was only when the lashes were elevated that the Gypsy glance was seen, if that can be called a glance which is a strange stare, like nothing else in this world.


[... os olhos grandes, movendo-se sob longas pestanas pendentes, que lhes emprestavam uma expressão quase melancólica; era somente quando as pestanas se elevavam que se via a mirada do cigano, se se pode chamar de mirada àquilo que é um olhar estranho, espantado, como nenhum outro no mundo.]


Mas é no capítulo V, pp. 278 e 279, que G. Borrow nos descreve, com maestria, o olhar cigano. Vamos transcrever o bastante:


There is something remarkable in the eye of the gitano: should his hair and complexion become fair as those of the Swede or the Finn, and his jockey gait as grave and ceremonious as that of the native of Old Castile, were he dressed like a king, a priest, or a warrior, still would the gitano be detected by his eye, should it continue unchanged. [...], the eye of the gitano is neither large nor small, and exhibits no marked difference in its shape from the eyes of the common cast. Its peculiarity consists chiefly in a strange staring expression, which to be understood must be seen, and in thin glaze, which steals over it when in repose, and seems to emit phosphoric light. That eye has sometimes a peculiar effect, we learn from the following stanza:


[Há qualquer coisa de extraordinário nos olhos do gitano: se o seu cabelo e a sua tez se tornasse tão loura como as do sueco ou do finlandês, e o seu ar de jóquei tão grave e cerimonioso como o do nativo de Castela-a-Velha, se ele se vestisse como um rei, um padre ou um guerreiro, ainda assim o gitano seria denunciado pelos seus olhos, se continuassem inalterados [....], os olhos do gitano não são grandes nem pequenos, e não revelam acentuadas diferenças, na sua forma, dos olhos dos outros homens. A sua peculiaridade consiste principalmente numa estranha expressão de fitar, que para se compreender, deve ser vista, e num leve vítreo que surge sobre eles, quando em repouso, e parece emitir luz fosfórica. Que os olhos dos ciganos têm algumas vezes um efeito peculiar, vê-se pela seguinte estância]:



A gypsy stripling’s glossy eye
Has pierced my bosom’s core,
A feat no eye beneath the sky
Could e’er effect before.

Os olhos resplandecentes de um cigano
Perfuram o âmago do meu peito,
Façanha que nenhum olho debaixo do céu
Poderia jamais ter efetuado.


O livro de Borrow (The Zincali) é extremamente cáustico com os ciganos. Entretanto, ele era fascinado pelo poder do olhar cigano e em várias páginas de livro fala sobre este poder. O autor só expressa admiração por estes nômades apenas nestas singularidades: O brilho do olhar; a fidelidade da mulher cigana ao seu rom; a virgindade; a ausência de prostituição de mulheres ciganas.


Ao apresentar o livro Magia cigana, de Charles Godfrey Leland (Bertrand do Brasil, p. XIII), Margery Silver fala dos profetas sombrios, de olhos selvagens.


O antropólogo e glotólogo Francisco Adolfo Coelho em seu livro Os ciganos em Portugal, à p. 192, reproduz notícia de um bando de nômades visto em Elvas, e que entre outras informações nos dá idéia do feitiço e da força do olhar cigano:


“As crianças usavam igualmente botas até ao joelho, mas pretas, e quase todas fumavam, de cachimbo. Havia algumas com feições regularíssimas, e os olhos de todos, negros e rasgados, faiscavam de brilhantes.”


Com a palavra o antropólogo Olímpio Nunes, in O povo cigano pp. 140-1:


O que impressiona em primeiro lugar num cigano é o seu olhar. Nem o vestuário, nem a tez, nem a língua e os costumes denunciam melhor o cigano do que os seus olhos e o olhar. Os olhos são escuros, sobretudo na mulher, e largamente fendidos. É impossível descrever o olhar. De Dumas, a Merimée, a Garcia Lorca, todos disseram verdade. O brilho do olhar é exaltado, sobretudo nas raparigas. É ao mesmo tempo inquieto, penetrante quando se fixa, móvel, constantemente espiando, pois é a arma mais preciosa do cigano, que lhe permite ver e prever. Reflete, ao mesmo tempo, a doçura e a selvageria, uma imensa bondade e uma crueldade sem limites. Um olhar sempre fugidio, mas apesar disso se fixa aqui e acolá, num certo instante. Um olhar triste e altivo, amoroso e duro. Um olhar cheio de paixão, mas duma paixão contida, retida entre as pálpebras que deixam passar um estilhaço metálico, magnético, saltando de olhos paradoxalmente enevoados, velados, coalhados como mortos.


Jacques Cazotte, no seu livro O diabo enamorado, à p. 89 registra ciganas de olhos fundos e ardentes, ou na tradução5 de Raimundo Magalhães Jr. ...olhos cavos e fulgurantes..., In Amores do diabo, p. 73.


Examinando o livro de Mello Moraes Filho6 (1834-1919) Os ciganos no Brasil e cancioneiro dos ciganos, à p. 68, encontramos:


Os ciganos primitivos eram todos bronzeados, mas de um bronzeado escuro e fixo; de olhos pretos, rasgados e penetrantes.


Também, no livro Quadros e crônicas , de Melo Morais lemos :


Como estrutura, como forma, esse povo é de uma beleza admirável. As ciganas, quando moças, são de formosura soberana: rosto oval, cabelos negros, olhos que brilham como estrelas polares do amor. A mediana estatura é-lhes a regra; são esbeltas e graciosas como as palmeiras da Ásia, a voz lhes plange na garganta como cavatina nos desertos.


Quando, porém, as flores dos verdes anos se fanam, a fealdade reflete-lhes velhice prematura, a pele se lhes enruga, os olhares perdem as fascinações ardentes, transformando-se elas em múmias, mas sem o lençol de perfumes dos embasamentos.


Os homens, altos e tisnados, de cabelos caracolados e barba pontuda, volvem os olhos cintilantes, sempre desconfiados e afoitos nas lutas do imprevisto.


D’Oliveira China7, em seu livro Os ciganos do Brasil, à p. 19, assim os descreve:


... os olhos são muito negros e vivos , e nas mulheres, justificam às vezes o que se diz do tom misterioso, alternativamente melancólico e alegre dos olhos das ciganas em geral...


E sumariando o tema à página 139, da mesma obra, diz que os ciganos, em geral têm os olhos muito negros; às vezes castanhos ou esverdeados e os ciganos do Brasil têm os olhos pretos, rasgados (vivos e penetrantes); garços; raramente azuis em alguns.


Charles Baudelaire, in Flores do mal [em A caravana dos ciganos]:


La tribu prophetique aux prunelles ardentes

Hier s’est mise en route, emportant ses petits
Sur son dos, ou livrant à leurs fiers appétits

Le trésor toujours prêt des mamelles pendants.


The prophetic tribe with burning eyes

Took the road yesterday, carrying the children

On its back, or giving to their fierce appetites

The ever ready treasure of pendent breasts.


[A tribo profética a das pupilas ardentes

Pôs-se a caminho, tendo às costas a ninhada
Ou saciando-lhe a altiva gula imoderada

com o farto tesouro das mamas pendentes.]


Mirian Stanescon — Rorarni8, Presidente da Fundação Santa Sara Kali, escreveu o livro Lila Romai (Cartas ciganas), o verdadeiro oráculo cigano, à p. 27 assim nos fala sobre o olho cigano:


Os ciganos dão muito valor aos seus olhos, porque eles lidam não só com a visão física, como também com a visão espiritual. Assim, quando o filho nasce, a mãe, até o sétimo dia, lava seus olhos com água e uma pitadinha de sal, diariamente. No caso das meninas, seus olhos são lavados apenas no sétimo dia, com água e sal, e depois com água e açúcar, pois sabemos que a arte divinatória é praticada principalmente pelas mulheres ciganas — DRABARIMÔS (leitura DA SORTE).


O escritor e Prêmio Nobel de Literatura, em 1999, Günter Grass (que doou metade de seu prêmio aos ciganos de Kosovo), assim se refere aos olhos ciganos:


[They] have the Evil Eye9 and that stunning beauty that makes us ugly to ourselves. Because their mere existence puts our values in question..]


[Eles} têm olhos feiticeiros e aquela estonteante beleza que nos torna feios. Porque sua mera existência põe nossos valores em questão.]


Os poetas louvam os olhos ciganos toda hora. Vamos registrar mais este exemplo, uma estrofe, retirada da poesia A cigana, de Alexandrina Scurtu:


De que tela surgiste, ave, sereia e flama,

toda feita de luz e carne? Os teus olhares,

nas olheiras de fogo, acendem a fagulha

do amor e da paixão, da febre e da saudade.


O Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel Garcia Marques também nos brinda com texto memorável, quando exalta a insuperável resistência do cigano Melquíades, em Cem anos de solidão10, à p. 11:


... a morte o seguia por todas as partes, farejando-lhe as calças, mas sem se decidir a dar o bote final. Era um fugitivo de quantas pragas e catástrofes haviam flagelado o gênero humano. Sobreviveu à pelagra na Pérsia, ao escorbuto no arquipélago da Malásia, à lepra em Alexandria, ao beribéri no Japão, à peste bubônica em Madagascar, ao terremoto na Sicília e a um naufrágio multitudinário no estreito de Magalhães. Aquele ser prodigioso, que dizia possuir as chaves de Nostradamus, era um homem lúgubre, envolto numa aura triste, com um olhar asiático que parecia conhecer o outro lado das coisas.


No celebérrimo romance Carmem, o genial arqueólogo e contista Prosper Merrimée11 (1803-1870) nos deleita com esta bela descrição dos olhos da cigana:


Seus olhos, em particular, tinham uma expressão ao mesmo tempo voluptuosa e selvagem, que jamais tornei a encontrar num olhar humano. Olho de cigana, olho de lobo, é um ditado espanhol que vem a calhar. Se não tendes tempo de ir ao Jardim das Plantas para estudar o olhar de um lobo, observe vosso gato quando espreita o pardal.


Era una belleza extraña y salvage, um rosro que al pronto extrañaba,no se podía olvidar. Sobre todo, los ojos tenían una expresíon voluptuosa y feroz a la vez que no he encontrado después en ninguna mirada humana. Ojo de gitano, ojo do lobo.


E no capítulo quarto da história de Carmem, Merrimée nos descreve bem os olhos dos ciganos:


Os caracteres físicos dos ciganos são mais fáceis de distinguir do que descrever e, assim que tenhamos visto um só, reconhecemos um indivíduo dessa raça em meio de uma multidão. A fisionomia, a expressão, eis o que sobretudo os distingue dos povos que habitam o mesmo país. Sua pele é morena, sempre mais escura do que aquela das populações com as quais convivem.[Falava dos ciganos da Espanha]. Daí vem o nome Calé, os negros, pelo qual eles se referem a si mesmos com freqüência. Seus olhos, ligeiramente oblíquos, bem talhados, muito negros, são sombreados por cílios longos e espessos. Só podemos comparar seu olhar com o do animal selvagem. A audácia e a timidez estão presentes ao mesmo tempo, e desse ponto de vista, seus olhos revelam muito bem o caráter da nação — astuciosos, insolentes, mas naturalmente tementes aos golpes...


Júlio Verne, em seu primoroso e espetacular livro de aventuras Miguel Strogoff, assim nos fala sobre uma cigana (p.71) e ressalta o seu olhar:


A seu lado, a cigana Sangarra, mulher de trinta anos, de pele morena, alta, bem lançada, olhos magníficos e cabelos dourados, estava em postura soberba.


Em outro parágrafo, à mesma página: “Estas ciganas têm os olhos de gato! Vêm bem no escuro e aquela poderia bem saber...”


Nosso Martins Fontes12 (1884-1937), no livro Sherazade, nos brinda com a inclusão do poema Canção gitana, em homenagem a Carmem [de Bizet] que, por ser mui belo, transcreve-mo-lo integralmente:




Eu sou a flor de Sevilha,

Rachel da terra do Sol!

no ouro da minha mantilha,

rubeja o fogo espanhol!


Quando as salas estão cheias,

nas verbenas do Alcazar,

concentro azougue nas veias

e vitríolo no olhar!


Danço a zambra, entre sorrisos,

quebrando os braços e os rins,

ao retintinir dos guizos,

tricolejar dos cequins!


A gambiarra ensandalada,

infanta e odalisca, eu sou

uma pantera assanhada,

que freima enfervorizou!


Goya, encarnando a luxúria,

fez a “Maja” granadi!

Só ele exprimiu a fúria,

que ardeja em meu frenesi!


Simulo uma labareda,

columbreando no salão,

longa víbora de seda,

a roxo-rei e zarcão!


E, esfuzilando, felina,

a rir e a gritar: — olé!

Minha peçonha assassina

enfeitiçou dom José!


Temperamento boêmio,

sendo agarena, talvez,

meu coração é irmão gêmeo

das gitanas do Xerez!


Há um nufar, que, um dia, no ano.

Um dia, apenas, reluz:

É assim o amor sevilhano,

é assim o beijo andaluz!


Repicando a castanhola,

minha estridência contém

arrogância de espanhola,

furor, de fera no harém!


São negros os meus cabelos,

como os meus olhos tafuis,

porém tão negros que, ao vê-los,

até parecem azuis!


Os cascavéis do pandeiro

estridulam, em destom,

num trastralastrás brejeiro,

ou surdo dongolodrom!


E, espaventando o exagero,

bela, bárbara, brutal,

fulveja meu desespero

na sarabanda infernal!


— Bravo! Que guapa y reguapa!

e, em delírio, um toureador

aos meus pés estende a capa,

embebedado de amor!


E, para que ele se zangue,

meu desprezo respondeu:

— Que culpa tem o meu sangue

de ser mais rubro que o teu?!


É volúvel, mas sincero,

meu coração de mulher:

A quem me quer, eu não quero.

Só quero a quem não me quer.




Nossos escritores vez por outra introduzem ciganos em suas estórias. Lemos em Machado de Assis (1839-1908), fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, este trecho de Dom Casmurro, que nos fala de Capitu e de seus olhos, mas com tonalidade preconceituosa:


Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada.


Na revista VEJA, de 30 de janeiro de 2008, ed. 2045, ano 41, n.4, lê-se à p. 32, interessante polêmica sobre os olhos de Capitu. Transcreve-se parte, em seqüência:

... a pergunta sobre os olhos da personagem Capitu, do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, encerra duas possibilidades de resposta. As alternativas eram que Capitu teria olhos de cigana, de ressaca ou de jabuticaba, e a resposta dada como correta era a segunda opção. “A alternativa B (ressaca) está correta, mas a A (olhos de cigana) também está”, diz Suzana, que tem mestrado em literatura da língua portuguesa, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Olhos de ressaca é a expressão pela qual os olhos de Capitu ficaram mais conhecidos, a expressão inclusive dá nome aos capítulos 32 e 123. Na ocasião mais importante em que a expressão é usada, insinua que os olhos de Capitu teriam a mesma força do mar em dias de ressaca, que arrasta para dentro sem possibilidade resistência. No entanto, no capítulo 25, os olhos dela são descritos como olhos de cigana: “A gente de Pádua não é de todo má. Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada [...]”. E no capitulo 148: “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada.”


Polêmica à parte, por tudo que pesquisamos e escrevemos, acho que o emérito Machado queria que aqueles olhos fossem ao mesmo tempo de ressaca e de cigana.


Não podemos olvidar o grande Alexandre Dumas13, que no seu livro O salteador, assim descreve a cigana Giesta:


Seus cabelos, tão negros que chegavam a tomar, às vezes, o reflexo azulado da asa do corvo, emolduravam, cindo sobre os ombros, um rosto de um oval perfeito e de apurada dignidade. Grandes olhos azuis como pervincas, sombreados por cílios e sobrancelhas da cor dos cabelos, uma tez lisa e branca como leite, lábios frescos como cerejas, dentes que fariam inveja às pérolas, um pescoço cuja ondulação tinha a graça e a flexibilidade de um pescoço de cisne, braços um pouco longos, mas de forma perfeita, talhe flexível como o do junco mirando-se num lago, ou da palmeira balançando-se no oásis, pés cuja nudez permitia fossem admirados o pequeno tamanho e a elegância, tal era o conjunto físico da personagem sobre a qual nos permitimos chamar a atenção do leitor.


O musicólogo Sérgio Bittencourt Sampaio, membro da Academia Nacional de Música, diz que na canção do toureiro da ópera Carmem, de Bizet, ouve-se:


Et songe bien, oui

songe en combattant

qu’un oeil noir te regard

et que l’amour t’attend (Ato II)


[Pensa bem,

Pensa, ao combater,

Que um olhar negro te observa
E que o amor te aguarda.]


A jornalista Isabel Fonseca viajou no período de 1991-1995 com ciganos pela Europa Oriental, onde se encontra a maior população cigana (8milhões) e escreveu o livro Enterrem-me de pé, a longa viagem dos ciganos. Companhia das Letras,1996; à p. 223, falando desses nômades em Varsóvia nos diz ...Mesmo mantendo o tom plangente, numa desastrada mímica de seus objetivos, olham através ou adiante do doador em potencial. No parágrafo seguinte nos fala assim: ... que eram morenos, esguios, de olhos brilhantes...

E no não menos extraordinário romance O corcunda de Notre Dame14, de Victor Hugo15, lemos esta bela passagem (p.17) sobre a cigana Esmeralda, a heroína da história:


Como poderia ser humano aquele corpo moreno e esguio, que volteava ligeiro, conduzido por pés que pareciam ter asas? E aqueles olhos pretos, muito grandes, que lampejavam a cada volta, não eram sobrenaturais?


Na edição Ediouro, ano 2003, do livro de Victor Hugo, op. cit., à p. 73 lê-se: “Cada vez que essa figura radiante passava girando diante de alguém, seus grandes olhos negros lançavam um relâmpago”. E mais abaixo, na mesma página: “...seus cabelos negros, seus olhos como uma chama, era criatura sobrenatural”. E à p. 290 quando mestre Jacques (Procurador do rei no Tribunal da Igreja) conspirava com Cláudio Frollo (o arcediago de Notre Dame) para prender a cigana “...O processo está pronto; depressa se arranja tudo! Uma linda criatura, pela minha alma, essa dançarina! Os mais lindos olhos negros que já vi! Duas granadas16 do Egito!...” E ao longo das mais de quinhentas páginas de seu romance, Victor Hugo volta, várias vezes, a falar do olhar de Esmeralda. Curioso é que a cigana não era legítima filha-do-vento, pois fora raptada de uma família, em Paris, quando criancinha. Mas o romancista pôs nos olhos dela toda magia do olhar autenticamente cigano.


No imortal romance Por quem os sinos dobram, seu autor, Ernest Hemingway, no capítulo II, p. 16, nos apresenta um cigano como se segue:


— Não deixe isto muito próximo da gruta — disse o homem sentado, um rapaz de olhos azuis num rosto moreno, bonito tipo cigano. — Há fogo lá dentro.


Em A virgem e o cigano17, obra-prima de D. H. Lawrence, o olhar cigano aparece em dezenas de páginas. A heroína parece ter sido encantada, hipnotizada por ele. Vamos citar apenas esta passagem à p. 81:


Viu então o rosto do cigano; o nariz retilíneo, os lábios móveis e delgados, o olhar direto e significativo dos olhos negros, que pareciam feri-la num ponto oculto e vital, infalivelmente.


No cancioneiro popular, a magia dos olhos e do olhar cigano está presente em inúmeras canções. Encontramos mais de vinte que falam do tema. Citamos quatro exemplos:


I

Olhos negros, penetrantes...

onde o olhar toma a alma,

invade audacioso os pensamentos

emitindo desejos...

faz sentir na tez o calor ansioso do toque.

..............................................................

In cigano sedutor, de Yuri Gitano

II

Chegaste tímida, descalça e

com lascívia no andar

E dançaste e provocaste o meu desejo
e simulaste, insinuaste e dissimulaste

E súbito, olhaste no fundo de meus olhos e me desnudaste.

..................................................................

In Cigana, de José Eduardo Camargo


III


Foi num entardecer em Valência

quando seus olhos ciganos cruzaram os meus

Inquietos, fugazes, desesperados,

devassando minha alma.

.................................................

Foi num entardecer em Valência
que perdi minha alma.

Entre o negro e o profundo dos teus olhos
e o som da tua guitarra profana.


In Paixão Gitana, de Mhãinah


IV


Ela é bonita, seus cabelos muito negros

e seu corpo faz meu corpo delirar

O seu olhar desperta em mim uma vontade
de enlouquecer, de me perder, de me entregar.

......................................................

In Sandra Rosa Madalena, de Sidney Magal


James Wells, viajante inglês, que esteve no Brasil entre 1869 e 1886, escreveu um livro18 e registrou um batuque onde descreve um indivíduo aciganado da seguinte forma:


... um sujeito selvagem, com cara de cigano, belo, airoso como um Adónis, com os olhos de uma gazela, mas que contêm o fogo de um gato selvagem, um grande dançarino...


E em outra página do mesmo livro escreve: “...o cigano aparece só. Os cabelos cacheados e longos, o cavanhaque e o olhar longínquo e desconfiado compõem a estranha imagem do cigano”.


O reverendo Robert Walsh (1772-1852) transitou pelo Brasil em 1828 e 1829; escreveu o livro Notícias do Brasil, ele nos diz que os ciganos tinham olhos e cabelos negros...


Não esqueçamos de que o R. Walsh foi um dos mais preconceituosos escritores/viajantes que passaram pelo Brasil. Nós o citamos, de passagem, porque não temos preconceito como ele tinha, nem queremos ser como ele, que não poupou o povo cigano.


Sir Richard Francis Burton19 (1821-1890) dá a seguinte nota no rodapé de seu livro The Jew, the Gypsy and El Islam, p. 169:


Every observer has noticed the Gypsy eye, which films over, as it were, as soon as the owner becomes weary or ennuyé; it has also a remarkable “far-off” glance, as if looking over and beyond you. Borrow (The Zincali) describes it as a “strange stare like nothing else in this world”. And again he says that “a thin glaze steals over it in repose, and seems to emit phosphoric light.”


[Todo observador notou o olho cigano, que fica como se enevoado logo que o dono se torna enfastiado ou aborrecido; ele tem também um notável olhar distante, um lampejo como se procurasse no entorno e além de você. Borrow (The Zincali) descreve-o como uma “estranha fixidez, jamais vista neste mundo”. E de novo ele diz que “um fino embaçamento cobre-o em repouso, e parece emitir uma luz fosfórica”.]


Falando dos Jats, habitantes (nômades) do noroeste da Índia, provavelmente terra dos ciganos, Francis Burton assim expressa:


The Jats in appearance are a swarthy and uncomely race, dirty in extreme, long, gaunt, bony, and rarely, if ever, in good condition. Their beards are thin, and there is a curious (i.e. Gypsy-like) expression in their eyes.


[Os jats, na aparência são morenos trigueiros, Raça incomum, suja ao extremo, alta, esquálida, ossuda, notavelmente quase sempre em boa condição. As barbas são ralas e há uma curiosa (i. é. como cigana) expressão nos seus olhos.}


Edward Rice, na biografia de Burton, citado, nos dá importante contribuição sobre o tema olhar cigano. Vamos às páginas 136 e 137, do livro que ele escreveu sobre Burton:


A “curiosa expressão” que ele [Burton] viu nos olhos dos jats era o chamado “olhar cigano” que sempre intrigava Burton quando escrevia sobre os ciganos, pois sempre lhe diziam que ele próprio (Burton) tinha esse mesmo olhar.


E transcreve palavras de Burton, ipsis litteris:


O cigano asiático também tem aquela peculiar e indescritível aparência e expressão do olhar, que é tão desenvolvida nos roma [ciganos] do Marrocos e Espanha mourisca [...]: “um traço que, como sinal na testa do primeiro assassino, se imprime nessa raça estigmatizada por toda a terra e, uma vez visto, nunca mais é esquecido. O “Mau-olhado” não é o menor dos poderes que a superstição atribui a esse povo; e se há verdade na doutrina de super-sensibilidade, do magnetismo animal, não se pode enquadrar na imaginação um olhar tão bem calculado, tão intensa a força magnética20.


Mais tarde, Burton [livro de Rice], ao encontrar ciganos na Síria, sentiu-se novamente atraído pelo olhar.


Os longos cabelos ásperos e colados à cabeça, com a trança enrolada em espiral, os olhos bem castanhos, cuja mirada típica é inconfundível, os pomos proeminentes como os dos tártaros, e os lábios de formato irregular sugeriam origem e fisionomia hindu.


Os ciganos espanhóis [ainda no livro de Rice]


Conservam o olho característico. A forma é perfeita, e tem uma mirada especial à qual se atribui o poder de gerar grandes passions — um dos privilégios do olhar. Várias vezes notei sua fixidez e brilho, que cintila como luz fosforescente, clarão que em alguns olhos indica loucura. Também observei o olhar “ que parece fitar algo além de nós, e a alternância entre a mirada fixa e um embaçamento ou toldamento da pupila distante”


Após a morte de Burton, The Gypsy Lore Journal de janeiro de 1891, em seu obituário, observou:


A singular idiossincrasia freqüentemente notada por seus amigos — a peculiaridade de seus olhos. “Quando ele [o olhar] fita a pessoa”, disse alguém que o conhece bem, “ele atravessa e depois, se toldando, parece ver algo mais além”. Richard Burton é o único homem (não-cigano) com essa peculiaridade [...].


Elwood B. Trigg, em seu livro Gypsy & Demons Divinities, (Citadel Press, N. J., p. 35, assim nos fala:


The Gypsy’s eyes are normally darker and more brilliant than those of other peoples. Among some gypsies, however, this feature is even more intense than others. It requires little imagination to see how such individuals might be recognized as strangely different than others with a special power to work magic through the use of their eyes.


[Os olhos ciganos são normalmente mais escuros e mais brilhantes do que os das outras pessoas. Entre alguns ciganos, contudo, esta feição é mais intensa do que outras. Requer pouca imaginação para se ver como tais indivíduos podem reconhecê-los estranhamente diferentes do que outros, com especial poder de magia, através do uso de seus olhos.]


Clemente Cimorra, em Los Gitanos, à p. 6 nos fala: “la viva expresión de los ojos”... O autor nos informa à p. 44, livro citado:


Y. F. M. Pabanó que escribe en 1915 y de una manera material no há conocido más que a los gitanos de Andalucía, expresa: “Los ojos del hombre gitano, negros, vivos y penetrantes, poseen cierta peculiaridad que permite reconercerle al punto, sea cualquiera el disfraz com que se cubra; bajo el traje más ceremonioso, como si adopta la vestidura más sucia y harapienta, al instante se advierte la singular y profunda fijeza de su mirada. Podrá conocerse a primera vista el ojo pequeno del hebreo, las pupila obliqua del chino, o la rasgada e intensa del musulmán; pero el ojo del gitano, aunque regular y proporcionalmente igual a los de las demás castas europeas, se distingue em seguida por su fulgor; un fulgor extrano, que parece a luz del fósforo.


[Y. F. M. Pabanó que escreve, em 1915, e que de uma maneira concreta não conheceu outros ciganos além dos da Andaluzia, expressou: “Os olhos do homem cigano, negros, vivos e penetrantes, possuem certa peculiaridade que permite reconhecê-lo a tal ponto, independente de qualquer disfarce com que se esconde; seja o traje mais cerimonioso, ou se adota a veste mais suja e esfarrapada, num instante se percebe a singular e profunda fixidez de seu olhar. Pode-se conhecer à primeira vista o olho pequeno do judeu, a pupila oblíqua do chinês, ou a rasgada e intensa do muçulmano; mas o olho do cigano, embora regular e proporcionalmente igual aos das demais etnias européias, se distingue, em seguida, por seu fulgor; uma cintilação estranha que parece a luz do fósforo”].


Martin Block, em Moeurs et Coutumes Tziganes, pp. 67-68, traça excelente comentário sobre as singularidades do olhar dos gitanos:


C’est à son regard qu’on reconnaît le plus sûrement un tzigane. A défaut de tout autre particularité anthropologique, son oeil le trahit. Le language s’avoue impuissant à caractériser expréssement un tel regard. La science n’en a pas encore entrepis l’étude, et c’est dommage; elle laisse là libre carrière aux peintres et aux poètes Le regard rest pourtant, avec la démarche, un des meilleurs indices permettant d’attribuer à chaque individu telle ou telle origine ethnique. Il suffit de savoir l’observer.


Il y a dans les yeux du tzigane quelque chose d’inquiet, de mobile, qui peut devenir singulièrement perçant dés que le regard se pose sur point précis. La manière dont se répartit la lumière frappant ces yeux, joint à l’aspiration à se porter du dedans au dehors, à saisir l’objet que le regard reflèt, ne peut manquer de nous captiver, même si la pupille est colorée en bleu. Il semble presque qu’inconsciement s’imprime ainsi chez ces primitfs un je ne sais quoi venant de l’éternité, qu’ils nous ouvrent un aperçu sur l’au delà. Abîme pour nous insondable. Par les dimensions de sa surface lumineuse, par l’ardeur de son éclat, l’oeil du Tzigane laisse soupçonner la passion contenue mais intense qui unit à la bonté la cruauté, donne simultanément libre cours à l’amour et à la haine, accouple la douceur à la sauvagerie. Tout un monde s’est réfugié dans les regards du Tzigane, ou plus généralement des différents peuples primitifs restés en dehors de la civilisation européenne. On retrouve avec étonnement chez beaucoup de jolies femmes tziganes le même éclat exalté, presque effrayant, qui caractérise les peuples de l’Inde. Comparez les traits des Indiennes, tels que nous les font connaître tant d’illustrations, aux photographies de Tziganes [...] et vous ne pourrez qu’être frappés de l’analogie. L’oeil noir ou d’un brun châtain se détache sur un vaste fond blanc, dont ce contraste augmente encore la blancheur. La chevelure d’un noir poisseux et l’or ou l’argent des parures qui l’ornent ainsi que les oreilles semblant rivaliser d’éclat avec cette blancheur des yeux et des dents.


Em seqüência, a excelente tradução do texto supra, feita por Léa e Jessé Cortines Peixoto:


[É pelo seu olhar que se reconhece mais seguramente um cigano. À ausência de qualquer outra particularidade antropológica, seu olho o trai. A linguagem se reconhece impotente para caracterizar precisamente um tal olhar. A ciência ainda não empreendeu o estudo, e isto é lamentável; ela deixa aí inteira liberdade aos pintores e poetas. O olhar permanece portanto, neste caso, um dos melhores índices, permitindo atribuir a cada indivíduo tal ou qual origem étnica. É bastante saber observar.]


[Há nos olhos do cigano qualquer coisa de inquieto, de mobilidade, que pode se tornar singularmente penetrante, desde que o olhar se fixe sobre um ponto preciso. A maneira pela qual se reparte a luz brilhante desses olhos, associa à aspiração de transportar-se de dentro ou fora, para apoderar-se do objeto, que o olhar reflete, não pode deixar de nos cativar, mesmo se a pupila for colorida de azul. Parece quase que inconscientemente se imprime assim nestes primitivos um não sei que vindo da eternidade, que eles nos abrem uma percepção do mais além. Abismo para nós insondável. Pelas dimensões de sua superfície luminosa, pelo ardor do seu brilho, o olhar do cigano permite supor a paixão contida, porém, intensa, que une à ternura a crueldade, dá simultaneamente livre curso ao amor e ao ódio, une à doçura, a selvageria. Todo um mundo se refugia nos olhares do cigano, ou mais geralmente nos diferentes povos primitivos, remanescentes fora da civilização européia. Redescobre-se, com espanto, nas muito bonitas mulheres ciganas, o mesmo brilho exaltado, quase assustador, que caracteriza os povos da Índia. Compare os traços dos indianos tais como nos fazem conhecer tantas ilustrações ou fotografias de ciganos [....], e não poderemos nos surpreender da analogia. O olho preto ou castanho claro ou escuro, se destaca sobre um vasto fundo branco, cujo contraste aumenta ainda mais a brancura. A cabeleira de um preto engordurado e o ouro ou prata dos adereços que o ornam, também as orelhas, parecendo rivalizar o brilho com esta brancura dos olhos e dos dentes.]


Jules Bloch21 em seu livro Les Tsiganes, à p. 42, nos informa que o antropólogo M. Pittard, entre outras considerações diz que os ciganos têm:


Leur teint légèrement basané, leurs cheveux noirs de jais, leur nez droit bien construit, leurs dents blanches, leurs yeux bruns largement fendus, au regard vif ou langoureux, la souplesse générale de leur démarche, l’harmonie de leurs gestes, les placent, dans l’ordre physique, bien avant beaucoup de populations européennes... Les Tsiganes paraissent avoir une santé à tout épreuve...


[A tez ligeiramente bronzeada, seus cabelos negros como azeviche, nariz reto, bem feito, dentes brancos, olhos castanhos, amplamente rasgados; penetrantes ou voluptuosos, a flexibilidade geral de seu caminhar, a harmonia de seus gestos, o coloca, na ordem física, bem adiante de muitas populações européias... Os ciganos parecem ter uma saúde à toda prova...]


Em interessante monografia História dos ciganos no Brasil, ainda inédita, Rodrigo Corrêa Teixeira22 faz, em três parágrafos, digressões sobre o olhar cigano. Pedimos vênia para citar o primeiro e o último:


Quanto ao olhar dos ciganos, era tido mais do que um elemento de sua aparência física; era como tendo uma dimensão transcendental. Numa sociedade que transmitia seus saberes, tradicionalmente, por forma oral,, o olhar é o ponto de partida para a compreensão entre as pessoas. Além disso, era através dele que se confirmava um compromisso (negócios ou casamento, por ex.) depois da palavra dada, olhando-se nos olhos do cliente ou do outro cigano.


Os ciganos foram, não se sabe a partir de quando, considerados como portadores de um olhar mágico e poderoso, capaz de lançar pragas e maldições. Este olhar se caracterizaria não só pelo exotismo dos olhos com grandes pupilas, mas também por uma certa magia na forma de fixá-los. No século XIX, tal imagem ganhou mais relevância graças ao movimento romântico.


Lemos em Pierre Derlon (Tradições ocultas dos ciganos), à p. 27, o seguinte:


... Entre estas a faculdade do “olhar”; este pode servir a finalidades defensivas ou mesmo agressivas; entretanto, é freqüentemente utilizado pelos feiticeiros (kakus) para apaziguar ou incutir confiança no próximo.


Teófilo Gautier em Gitanos do Monte Sagrado nos dá esta mensagem, apud Jean-Paul Clébert (The gypsies, p. 92):


Their swarthy complexion brings out the clarity of their oriental eyes, which are tempered by I do not know what mysterious sadness, like the memory of an absent motherland and fallen grandeur.


[Sua pele trigueira realça o brilho dos seus olhos orientais, os quais são amenizados por um quê de misteriosa tristeza, como memória de uma pátria ausente e uma grandeza perdida].


Virgínia Woolf, em seu romance famoso Orlando, nos brinda com esta fantasia:


Estes catálogos de beleza juvenil não podem terminar sem a menção dos olhos e da testa! Ai de mim, que as pessoas raramente nascem sem estes atributos! pois, ao olharmos para Orlando parado junto à janela, temos de reconhecer que possuía olhos como violetas encharcadas, tão grandes que a água parecia chegar às bordas e alargá-los....


Observação do organizador desta coletânea: Orlando era, até à metade do livro, um jovem fidalgo e da metade em diante era moça, cigana, raptada, criada e educada por um conde inglês. Curiosamente, a história retrata duzentos anos.


Cristina da Costa Pereira23, em seu livro Povo cigano, à página 92, diz:


O olhar para o cigano é fundamental em suas mais diversas relações com as pessoas: amor, negócios, práticas místicas, etc. Eles consideram que o olhar nos olhos é a melhor maneira de se conhecer a pessoa com quem se está falando. Eles costumam dizer que a leitura do olhar é “conhecimento intuitivo que todos ciganos têm” [...]. Eis o que alguns ciganos falaram a respeito do olhar: “Como é que eu estou aqui, falando de minha vida, de meu povo, se te conheço tão pouco, quer dizer, em que me baseio para poder confiar no que você me diz, nas suas intenções em relação aos ciganos, no livro que você vai escrever sobre nós? Mas é que, na verdade eu já te conheço, porque eu olhei bem para você? Cigano lê no olho, moça.”


Pedro Paulo Serodio Garcia é padre. Escreveu o livro intitulado O padre cigano. Ele é um dedicado missionário que vive entre ciganos, perambulando de acampamento em acampamento, pregando a palavra de Deus, ensinando o Evangelho, sem proselitismo. Observa e respeita os costumes e usos dos ciganos. Não quer mudá-los quer conviver com eles, respeitando as diferenças, solidarizando, compreendendo, ajudando. Certa feita, em uma festa de batismo comunitário, nos relata o seguinte, à p. 73, do seu livro:


Durante as anotações [falava dos registros dos nomes dos que seriam batizados] percebi que um dos recém-chegados para a festa do Santo me olhava muito. Ele me acompanhava com dois grandes olhos negros, contemplava-me o seu coração, interrogando-me através do seu semblante: “Quem é você?” “Você sabe quem sou eu?”


Os ciganos olham muito. Mesmo quando os seus olhos estão voltados para outra direção, estão observando. Estando distraídos com alguma conversa ou negócio importante, alguém está de olho vivo. Mas aquele não me observava em função do grupo ou por alguma desconfiança. Era mais do que isso. Ele me contemplava. Olhava-me dele para ele.



Júlio Dantas (1876-1962), Escritor, jornalista, diplomata e político português escreveu emocionante peça teatral A Severa onde algumas vezes exaltou a beleza do olhar cigano através de suas personagens. Citamos duas passagens:


É a maior fadista cá da Mouraria! Quando canta, parece que a alma da gente vai atrás dela. Mas, sangue de cigana, braço peludo e lume no olho! Não é de quem quer; é de quem ela quer. (p. 15)


...é a mulher que me convém! Assim mesmo, em bruto, como nasceu, com o sol no fundo dos olhos e a alma na ponta dos dedos, a afiar o calão e a navalha, a rir com o sangue pelas toiradas, a chorar com o fado pelas vielas! (p. 28)


MEU TESTEMUNHO:


Conheci alguém que tinha o olhar cigano. Um homem de valor inconteste. Erudito, administrador, engenheiro competente, honestíssimo, humanista: Foi presidente do antigo IAPI, presidente do Clube de Engenharia, membro da Comissão que instituiu a siderurgia no Brasil, presidente do Conselho Nacional do Petróleo — CNP, Prefeito de Brasília, presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia — IBS, presidente da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN e membro da Alta Administração em muitas empresas estatais e privadas. Quando morreu, tinha como patrimônio um simples apartamento à rua Figueiredo de Magalhães, na cidade do Rio de Janeiro. Morreu pobre. Estalão de probidade. Este homem chamava-se Plínio Reis de Cantanhede24 Almeida. Um cavalheiro, um cérebro privilegiado. Descendente ou não de cigano, na verdade era um ser humano extraordinário, primus inter pares.


Agora, transcrevemos um parágrafo da excelente, sedutora e comovente história Mikaela (cigana), do escritor José Fleming, em Balaio de paiol: Ed. GREBAL (Grêmio Barramansense de Letras).


Um rosto moreno, meio encoberto por sedosos cabelos negros, que caindo sobre o ombro direito, cobriam um lado da face onde seus olhos, tão negros como os cabelos, luziam inquietos e observadores...


E com este frevo canção (Cigana fatal), dos irmãos Valença, apud Caarüra, iniciamos o fechamento deste caderno dedicado ao olhar do cigano:


Cigana, morrer é o menos

por teus encantos fatais:

Teus lábios são dois venenos,

teus olhos são dois punhais.


Ai, não sorria

desta paixão insana.

Nestes três dias,

me matarás, cigana.


Ah! Não resistimos e vamos transcrever, com adaptação nossa, trecho de um poemeto de Martins Fontes que nos diz assim:


Tudo que abrange o pensamento,

Do grão de areia ao firmamento,

O olhar “cigano” traduz!

Seus olhos são miraculosos!

Nos seus mistérios fabulosos,

A treva é luz!


Conclusão:


Pessoas comuns como este autor; poetas, artistas, contistas e romancistas tecem loas ao brilho, ao magnetismo, às chispas do olhar cigano. Seguem a mesma linha, etnógrafos, antropólogos, folcloristas e historiadores. Olhos que nos enfeitiçam, nos envolvem, nos amedrontam. Olhos profundos, hipnóticos, tristes, próximos e distantes. Misteriosos, rasgados, verdes, castanhos ou negros, feiticeiros doces, vibrantes, benéficos ou maléficos. Olhos de muito sofrimento, registros de lutas de dois mil anos de sobrevivência. Vamos, pois, nos render ao diamante, ao fascínio e à luz do olhar desses nômades, que vieram lá de longe, da Índia, nos encantar. E vamos definitivamente encerrar com a linda composição de Jimi Hendrix - Gypsy Eyes (tradução) Lyrics:


Olhos ciganos


Olhos ciganos

bem,descobri que fui hipnotizado,
amo seus olhos ciganos,

amo seus olhos ciganos
tudo bem!
hey! cigana
escalo minha árvore e fico e me aqueço no fogo
querendo descobrir onde neste mundo você está
e sabendo o tempo todo que você continua

rodando pelo país
você ainda pensa em mim?
oh! minha cigana
bem, eu fui até a estrada, o lugar onde você vive
aquele que se situa a milhão de milhas
sim, saí por aquela estrada em busca de seu

amor e de minha alma também
mas quando encontrá-la não vou deixá-la ir
lembro-me da primeira vez que a vi
as lágrimas em seus olhos pareciam que tentavam dizer
oh menino, você sabe que eu poderia amar você
mas primeiro devo trilhar meu caminho
hoje, dois homens estranhos brigaram até a

morte por mim
vou encontrá-lo lá na velha estrada velha
hey!
tenho procurado por tanto tempo e meus pés

me fizeram perder a batalha
andando pela estrada meus joelhos cansados
me jogaram fora do caminho, caí mas ouvi uma

voz doce chamar
minha olhos ciganos está vindo e serei salvo
oh estarei salvo
por que eu a amo tanto
disse eu te amo
hey!
te amo uh
Deus, eu te amo
hey!

FINIS





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——— Viagem à Província de São Paulo. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1976. (Trad. de Voyage dans les provinces de Saint-Paul et Sainte Catherine; 1851.

TRIGG, Elwood B. Gypsy & Demons Divinities, The magic and religion of the gypsies. New Jersey: 1973.

VERNE, Júlio. Miguel Strogoff (ficção). Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Matos Peixoto, 1965.

¾¾¾ O castelo dos Cárpatos (ficção). Rio de Janeiro: Editora Matos Peixoto, 1966.

WALSH, Robert. Notícias do Brasil em 1828 e 1829. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.

WELLS, James. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil do Rio de Janeiro ao Maranhão, v. 1. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1995.

Woolf, VIRGÍNIA. Orlando. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1972.

1 Bacharel em Direito e Administrador. Autor de Organização de cooperativas de consumo (premiado no XX Congresso Brasileiro de Cooperativismo, em Brasília); Brumas da história do Brasil. RIHGB. no 417, out./dez. 2002; Possessão, São Paulo: Ícone Editora, 1995; O espírito milenar, Goiânia: Editora Paulo de Tarso, sd.

2 Famílias, grupos e subgrupos.

3 Heinrich Moritz Gottlieb Grellmann. In Dissertation on the Gypsies, London, 1787.

4 Este livro é um terrível libelo contra os ciganos. É um deboche que o autor tenha se intitulado ‘senhor cigano’ ou ‘cigano cavalheiro’ (Romano ray). Na verdade, ele detestava os ciganos. Mais um pregador (tal como Walsh) que não amava suas ovelhas.

5 O diabo existe? Tomo I Coletânea de R. Magalhães Jr. Artenova, 1973.

6 Poeta, folclorista, jornalista, memorialista, etnógrafo, historiador e médico. Referência em ciganologia.

7 Apud Francisco Adolfo Coelho, Os ciganos de Portugal, p. 181.

8 Princesa cigana, Kalderash. Escritora e advogada. É uma grande defensora da causa cigana.

9 Suposed power to harm people by look or glance [Suposto poder de causar dano pelo olhar ou lampejo]. Em Câmara Cascudo (Dicionário do folclore brasileiro) encontramos este verbete: mau-olhado —. “... A crença é universal e milenar. Mau-olhado, seca-pimenteira, malocchio, evil eye, bose blick, mau de ojo, fascínio, olho-grande, olho-grosso, etc., são outros sinônimos...”

10 Livraria José Olímpio, 15a ed. 1967.

11 LPM Pocket, v. 78, p. 30, São Paulo.

12 Foi membro da Academia Brasileira de Letras.

13 Escritor francês (1802-1870). Assinou mais de seiscentas obras entre contos, peças de teatro, dramas e romances: Os três mosqueteiros, Vinte anos depois; O visconde de Bragelone; Memórias de um médico; A dama de Monsoreau; Os quarenta e cinco; O homem da máscara de ferro; A boca do inferno; O conde de Monte Cristo etc.

14 Círculo do Livro: São Paulo. É edição condensada.

15 Escritor e poeta francês (1802-1885). Escreveu romances maravilhosos: Os miseráveis, Noventa e três, O homem que ri, Ian da Islândia, Trabalhadores do mar, Ruy Blas. É reconhecido como o escritor mais prestigioso do século.

16 Queria dizer que tinham muito brilho. Em outra edição a palavra é carbúnculo.

17 Círculo do livro: São Paulo.

18 Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil do Rio de Janeiro ao Maranhão. Belo Horizonte: Itatiaia, 1995

19 Erudito, cientista, soldado, agente secreto, explorador, aventureiro, tradutor e escritor. Falava 29 línguas (inclusive o romani), além de inúmeros dialetos: Este fenômeno foi Sir Richard Francis Burton. Os excertos são de seu livro The Jew the Gypsy and El Islam. New York, 1898. Dizem que tinha ascendência cigana. Sua tumba tem o formato de uma tenda. Este aventureiro permaneceu no Brasil entre 1865-1869, como cônsul da Inglaterra, em Santos. Escreveu sobre o Brasil: Explorations of the highlands of the Brazil; with a full account of the gold and diamond mines.

20 Esta citação está, também, entre aspas no livro de Burton: “a feature which, like the brand on the forehead of the first murderer, stamps this marked race over the whole globe, and when once observed is never forgotten. The ‘evil Eye’ is not the least of the powers with which this people is superstitiously invested; and if there be any truth in the overstrained (?) doctrines of animal magnetism, one could not possibly frame to the imagination an eye so well calculated, so intense a magnetic force.”

21 Professor honorário do Colégio de França. Seu livro foi editado por Presses Universitaires de France, Paris, 1953.

22 Mestre em História e Geografia.

23 Escritora e professora de literatura.

24 Os “Cantanhede”, antepassados do dr. Plínio, teriam vindo para o Brasil, em 1718. Em Melo Morais Filho. (Os ciganos no Brasil e cancioneiro dos ciganos, p. 27).

Texto extraido de http://www.ciganosbrasil.com/

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quinta-feira, março 27, 2008

Django Reinhardt




Foi um dos pioneiros do jazz na Europa e também um dos primeiros músicos não negros nesse estilo musical. Compôs "les yeux noirs". Django Reinhardt passou a maior parte de sua juventude em um acampamento cigano próximo a Paris, tocando banjo, guitarra e violino em danceterias de Paris desde muito cedo. Ele começou com o violino e eventualmente tocava um banjo que havia ganhado. Em sua primeira gravação conhecida (de 1928) ele toca o banjo.
Aos 18 anos, Reinhardt foi ferido pelo fogo que incendiou a casa que ele dividia com Bella, sua primeira mulher.Ela fazia flores artificiais de papel e celulose para viver, por isso a casa deles vivia cheia de materiais altamente inflamáveis. Certa noite, ao retornar de uma apresentação, Django derrubou acidentalmente uma vela quando ia para a cama. Enquanto sua família e vizinhos tentavam salvá-lo ele acabou sofrendo queimaduras de primeiro e segundo grau por metade de seu corpo. Sua perna direita ficou paralisada e sua mão esquerda gravemente queimada. Os médicos achavam que ele nunca mais tocaria guitarra novamente. Ele ainda quase teve a perna amputada, mas deixou o hospital pouco tempo depois e, um ano depois, ele já podia andar com a ajuda de bengalas. O irmão de Django, Joseph Reinhardt (também um exímio guitarrista), lhe trouxe uma nova guitarra. Através de uma dolorosa reabilitação e prática, Django readiquiriu sua sua habilidade de um modo completamente novo, mesmo com dois dedos parcialmente paralisados. Ele ainda era capaz de usar esses dois dedos para tocar, mas não para fazer solos. Em 1934, Louis Vola formou o "Quintette du Hot Club de France" com Reinhardt, o violinista Stéphane Grappelli, Joseph, o irmão de Django, Roger Chaput na guitarra, e Louis Vola no baixo.Ele produziu numerosas gravações àquele tempo e tocou com diversas lendas do Jazz americano como Coleman Hawkins, Benny Carter, Rex Stewart e Louis Armstrong. Reinhardt não sabia ler música, e era supostamente analfabeto devido a suas origens humildes. Quando a Segunda Guerra foi iniciada, o quinteto estava em turnê pela Inglaterra. Reinhardt retornou a Paris, deixando sua mulher para trás, e se juntou a Hubert Rostaing (clarinetista), em substituição ao violino de Grappelli. Reinhardt sobreviveu à Segunda Guerra ileso, ao contrário de muitos outros ciganos que foram executados nos campos de concentração nazistas. Essa época foi muito difícil para Django porque o jazz não era permitido no regime nazista. Ele teve a ajuda de um oficial da Força Aérea Alemã chamado Dietrich Schulz-Köhn, conhecido como Doktor Jazz, que admirava muito sua música. Em 1943 ele casou com Sophie Ziegler in Salbris, com quem teve um filho, Babik Reinhardt, que também acabou se tornando um respeitado guitarrista. Depois da Guerra Reinhardt voltou a se juntar a Grappelli na Inglaterra. Foram para os EUA para uma turnê, abrindo shows para Duke Ellington, e tocando no Carnegie Hall, com vários músicos e compositores famosos como Maury Deutsch. Apesar do grande orgulho que Reinhardt sentia por tocar com Duke Ellington, ele não estava realmente integrado com a banda, tocava somente alguns acordes no final do show, sem nenhum arranjo especial para ele. Ele estava acostumado com seu irmão, Joseph, carregando seu violão e afinando-o para ele. Supostamente, Django recebeu um instrumento desafinado para tocar. Além disso, ele era acostumado a tocar com um Selmer Maccaferri, o instrumento que ele tornou célebre, mas pediram que ele tocasse com um novo modelo, com amplificador. Os resultados não foram muito satifatórios. Ele voltou à França frustrado, mas continuou tocando e gravando muita coisa. Django Reinhardt foi uma das primeiras pessoas a apreciar e entender a música de Charlie Parker e Dizzy Gillespie. Ele chegou a procura-los quando chegou a Nova Iorque, mas infelizmente eles estavam em alguma turnê.

Depois de retornar à França, Django passou o resto de seus dias voltando para a vida cigana, com dificuldade de se adaptar à vida moderna. Um dos eventos mais enigmáticos foi quando Reinhardt abandonou, na beira de uma estrada, um carro que havia acabado de comprar porque havia acabado a gasolina. Às vezes Django aparecia para um show e não levava seu instrumento, se mudava de repente para a praia ou para um parque, e às vezes se recusava a levantar da cama. O conceito de "Lead Guitar" (Django) e "Rhythm Guitars" (Joseph Reinhardt/Roger Chaput) nasceu no Quintette Du Hot Club De France. Eles usavam suas guitarras para percussão quando não havia percussão de verdade na sessão. Mais tarde ele formou uma nova banda com saxophone, trompete, piano, baixo e bateria. Ele continuou compondo, e é lembrado como um dos mais talentosos guitarristas do Jazz.

Em 1948, Reinhardt recrutou alguns músicos italianos de jazz (baixo, piano, percussão) e gravou um de seus mais aclamados trabalhos, “Djangology”, mais uma vez em parceria com seu compatriota Stephane Grappelli no violino. Entretanto, sua experiência nos EUA havia feito dele uma pessoa diferente da que Grappelli havia conhecido, influenciado principalmente pelo jazz americano. Mas nessa gravação, Django voltou a suas raízes, tocando de novo a acústica Selmer-Maccaferi. Esta gravação foi recentemente descoberta por entusiastas do jazz e está disponível para venda nos EUA e Europa. Em 1951 mudou-se para Samois sur Seine, França, perto de Fontainebleau. Ele viveu lá por dois anos até 16 de maio de 1953, quando, retornando da estação de trem de Avon, ele desmaiou devido a uma hemorragia cerebral. O médico levou o dia todo para chegar e Django foi declarado morto ao chegar no hospital em Fontainebleau.

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Presidentes Ciganos do Brasil







Juscelino Kubitschek de Oliveira (Diamantina, Minas Gerais, 12/9/1902 - Resende, rio de Janeiro, 22/7/1976).
Presidente de Brasil (31/1/1956-31/1/1961), pelo o partido social democrático(esquerda moderada).
Seu avô era um ROM czech, Jan Kubíček, Třeboň, Bohemia, República Tcheca. Durante seu governo não houve prisioneiros políticos. JK (como é conhecido geralmente) transformou o Brasil em uma potência industrial, fundou a indústria automotiva e desenvolveu a construção de estradas por toda a nação. Sua maior realização foi a fundação de Brasília, a nova capital,em 21 de abril de 1960. O presidente Kubitschek reconheceu publicamente sua origem do romany, e convidou frequentemente representantes Romãs para jantar na residência presidencial.






Washington Luís Pereira de Souza(Macaé, Rio de Janeiro, 26/10/1869 - São Paulo, 4/8/1957).
Presidente de Brasil (15/11/1926-24/10/1930), foi o último presidente democrático da república velha.
Pertenceu a uma família de ciganos de Calon.
Liberou os prisioneiros políticos e parou o estado de sítio que estava instaurado quando assumiu o governo.
Foi escritor e historiador, após seu retorno do exilio foi eleito membro da Academia Brazileira de Letras. Foi também um filantropo bem conhecido.




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Elvis Aaron Presley



Não é necessário explicar quem foi Elvis Aaron Presley.
Talvez o que é menos sabido dele é que seus antepassados vieram da Alemanha no início do século dezoito e seu sobrenome original era Pressler. Eram parte dos povos Sinti conhecidos geralmente como "black dutch"(alemão negro), chamados também "Chicanere" ou "Melungeons". É também provável que do lado da sua mãe, Smith pelo sobrenome, a família seria de origens de Romanichel, porque é comum que os black dutch e Romanichel casassem entre si, mas se mantendo separados de outros grupos.

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quarta-feira, março 26, 2008

Alma Gitana


Caídas noturnas sobre o mar...
Noite de encanto, leva meu vestido aéreo em teu pranto,
Noite ofegante, acarícia meu corpo com teu luar.

Murmuros insinuantes... Lamentos sem fim...

Noite Flamenca, ao som das velhas guitaras de fogo,
Abrasa minha alma, cinge minhas entranhas.

"Oh! melodia do meu coração, oh! velho cigano,
Essa chama que libertastes, um grito lancinante
Ao hino da minha herança... um canto ao meu passado."

Meus pés descalços acariciam a areia na suave tentação
Do ritmo que me consome, sem qualquer inibição.
Tentou fugir mas teu canto me implora, me persegue,
Teu grito lancinante... emoçaõ ofegante
Accorentando meu corpo ao som da tua ousadia.

Minha mãos em suave cadência acariciam a tua dor,
Meu corpo movendo-se ao ritmo das ondas de sedução,
Olhos escuros sem pudor, velados por cabelos ao vento,
O segredo desta paixão delirante...

Tu... meu mistério, minha maldição, minha eterna perdição
Te quero, te amo, te desejo.

"Oh! musíca de sangue escuro, minha alma, meu delírio..."

Meu corpo segue ao seu encontro em plena alucinação
Esse amor aflante que quer domar o meu coração,
Essa paixaõ que me faz arder no mais intímo do meu ser
Eu, tua alma cigana, tua companheira, tua aflição.

Fogo ardente, leva nossos corpos em teu eterno lamento,
Neste destino marcado, nosso eterno juramento.

Tua boca insinuante, sobre meu corpo latente...
Trilhas de desejo sobre os meus seios, meu ventre,
Meus lábios afogando meu anseio em teu peito.

Murmuros... sussuros... delirio ardendo em meu antro.

Ritmo cada vez mais lancinante, o fogo nos consumindo...
Em seu ultimo pranto, meu corpo em teu corpo afundando
No antro da mais bela paixão, neste delirante lamento.

"Oh! meu destino, meu juramento em ti naufrago meu coração."

...Noite de encanto, cobre nossos corpos com teu luar,
Ao som das ondas do mar que ainda carreguam os vestigios
Deste desejo arrebatador, deste nosso grande amor,
Que soube te liberar e domar o meu espírito cigano...

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Rac saví ni bistarav


Rac saví ni bistarav

Sováv ánde mi kampína
ashunáv avrí, varéko galamí,
ushtilém sa chidén pe te ladén,
den ma muj po anáv
e pachardé tradén.
Dikháv me chavrrén
sar guglé sovén
e naj tsiknorré vazdáv
achilá lésko thán chingó,
morá te ladá? so te kerá?
ináj prvo drom, ni merá.
Ali gejá tsiknorró
ni asvín ni muklá
iziló ánde mi angáli
e vah phutardá
tála péste darátar o than mutardá.
An dji pharipé pelá mánge
e rroméski bax, akushlém prvo drom
kaj sem bijandó bibaxtaló
the kaj sem bijandó sar Rrom.

Una trágica noche

Dormía en mí carroza
cuando sentí a alguien gritar,
me levanté listo para escapar
pero me llamaron por nombre,
eran los gendarmes.
Veía a mis niños
que dormían plácidamente,
tomé en brazos al mas pequeño
dejando su lecho mojado,
¿debía escapar?¿que hacer?
no era la primera vez.
Aquél pequeño no lloró,
se estiró entre mis brazos
abrió las manos
pero del miedo
hizo pipí en la tierra.
En el corazón sentí entonces fuerte el peso
del destino de los Gitanos,
por primera vez imprequé
por haber nacido enyetado
y por haber nacido Gitano

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quarta-feira, março 05, 2008


Nem toda mulher tem uma gira cigana, mas quem tem se a tratar bem, terá consigo uma grande aliada.

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CARTOMANCIA

É inegável que a habilidade dos ciganos, mais precisamente das ciganas, com a leitura das cartas sempre surpreendeu e causou admiração. É impressionante como os "gadjos", hoje em dia, conseguiram assimilar muito desse conhecimento e demonstrar uma habilidade incomum para entrar em sintonia com esse que é considerado um dos oráculos mais antigos de todo o mundo.

Os painéis encontrados em muitas pirâmides e túmulos de reis, rainhas, príncipes e princesas do Antigo Egito demonstram que o baralho já era conhecido daquele povo e que, através dele, os ciganos tomaram conhecimento e desenvolveram essa arte a um nível jamais igualado por qualquer outra raça.

Parecia que o baralho, criado e desenvolvido pelos egípcios, esteve todo o tempo à espera de um povo cuja alma se irmanasse quase que de imediato com esses símbolos tão antigos que jamais foram datados com exatidão.

Sabe-se e respeita-se que o baralho, tanto o tarô quanto o baralho comum, que dele descende, é carregado de uma simbologia mágica que mesmo os processos industriais de produção, hoje em dia, não conseguem quebrar.

Essa simbologia encontra na alma cigana mil e uma formas de leitura, como veremos a seguir.

PARA PROJETOS EM ANDAMENTO

O Baralho Divinatório é um processo de encontrar uma resposta imediata para uma questão que aflige o consulente. Em todas as simpatias deste capítulo, o processo divinatório será o mesmo: o consulente embaralha, corta e mostra a carta do maço em sua mão para o leitor ou ele mesmo interpreta o significado, de acordo com as convenções expostas para cada situação.

No caso de querer saber qual o destino final dos projetos que o consulente tem em andamento no momento, basta embaralhar, cortar e virar a carta, interpretando conforme a convenção:

NAIPE DE COPAS: Sucesso em todos os sentidos. Siga em frente com seriedade e honestidade.

NAIPE DE PAUS: Há chances de sucesso, mas não depende só do seu trabalho. Terá de pedir ajuda a amigos ou pessoas influentes.

NAIPE DE OUROS: Haverá obstáculos, principalmente se houver parentes envolvidos ou dinheiro de terceiros.

NAIPE DE ESPADAS: Como as chances são de fracasso, não adianta buscar alternativas nem justificativas. Revise todos os planos. Espere um ciclo completo da lua antes de fazer nova consulta sobre o mesmo assunto.

PARA LUCROS FUTUROS

Se você tem algum projeto em andamento e quer saber se o resultado final vai ser lucrativo, independente de todos os acontecimentos que terá de enfrentar e superar, embaralhe e vire uma carta, observando o naipe conforme segue:

NAIPE DE COPAS: Satisfação acima do esperado.

NAIPE DE PAUS: Se os familiares e amigos estiverem do seu lado, nada a temer a respeito.

NAIPE DE OUROS: Disputas mesquinhas, demonstrando falta de união e respeito mútuo, poderão ofuscar o brilho do sucesso e até prejudicá-lo.

NAIPE DE ESPADAS: Prepare-se para enfrentar fraudes e desonestidade que, com certeza, vão lhe dar dores de cabeça ao invés do resultado esperado.

PARA SABER SE SERÁ PROMOVIDO

Há muitas situações em que as ciganas, quando lêem as cartas para alguém, preferem deixar tudo muito vago, como é o caso de uma questão como esta, quando emoção e sentimento estão fortemente envolvidos.

Elas sabem, no entanto, que o corte do baralho é infalível e que apenas uma das seguintes opções será possível:

NAIPE DE COPAS: Valor reconhecido e promoção na certa.

NAIPE DE PAUS: Se não tiver um bom respaldo de pessoas influentes, nada feito.

NAIPE DE OUROS: O que vier é lucro, portanto não deixe o orgulho atrapalhar uma chance futura.

NAIPE DE ESPADAS: As forças contra são muito mais fortes que você. Revise sua maneira de agir. Comece a trabalhar para obter o apoio e o reconhecimento de pessoas isoladamente.

PARA SABER DE SUAS ESPERANÇAS

Seja elas quais forem, suas esperanças se encontram, neste momento, numa espécie de fila do INSS, esperando a vez de serem atendidas. Não se desespere, porque na natureza, segundo os ciganos, nada acontece antes do tempo, nem uma fruta amadurece, nem uma mulher se apaixona.

Se quiser saber se deve continuar cultivando suas esperanças, sejam elas quais for, embaralhe e tombe uma carta. Veja o que ela indica:

NAIPE DE COPAS: Suas esperanças, quando realizadas, superarão suas expectativas.

NAIPE DE PAUS: Sozinho você não conseguirá nada. Busque ajuda.

NAIPE DE OUROS: Não pense pequeno nem se esforce por pouca coisa. Comece a se valorizar mais.

NAIPE DE ESPADAS: Esqueça e procure não sofrer por isso, mas é o que o destino lhe reserva.

PARA SABER SE TERÁ SORTE

Os ciganos têm um fascínio enorme pelas coisas que envolvem a sorte, a quem consideram uma espécie de personificação, como um anjo ou como um demônio, dependendo de suas relações com ela.

Esta simpatia, inclusive, muito os auxilia no momento de tomar uma decisão a respeito do assunto, pois tombando a carta sabem até que ponto irão se arriscar.

A convenção para isso é a seguinte:

NAIPE DE COPAS: Mais sorte do que pode imaginar.

NAIPE DE PAUS: Terá sorte, se souber escolher as pessoas com quem lidar. Ninguém pode ajudá-lo nisso, porque o julgamento é seu e a lição também.

NAIPE DE OUROS: Prejuízos à vista. Corra atrás do que é seu.

NAIPE DE ESPADAS: Pare com tudo que envolva risco. A sorte não está a seu favor. Espere o próximo ciclo da lua para apostar ou para consultar de novo.

PARA SABER SE REALIZARÁ SEUS DESEJOS

Esta é uma questão sempre muito complexa para nós, mas sempre muito simples para o baralho. Afinal, a resposta está ali e só temos de nos convencer que ela é a mais sincera e a mais acertada para nós naquele momento.

Lutar contra isso é ir contra a natureza e contra as próprias leis que regem os mundos material e espiritual. Assim, o melhor é interpretar conforme segue e aceitar sem protestar:

NAIPE DE COPAS: A realização de seus desejos mais secretos virá antes do que você imagina.

NAIPE DE PAUS: Ouça os conselhos e só se relacione com pessoas honestas.

NAIPE DE OUROS: Fique satisfeito com o que conseguir. Sua hora ainda não é chegada.

NAIPE DE ESPADAS: Reformule tudo em sua vida.

PARA SUPERAR UMA INJUSTIÇA

Quem já sentiu na pele a ofensa de uma injustiça sabe o que os ciganos já enfrentaram pelo mundo, em suas andanças. Sempre, quando diante de uma delas, confiaram nos conselhos do seu oráculo maior, o baralho.

A leitura rápida de uma carta era suficiente para ditar a maneira de enfrentar a questão, conforme a convenção a seguir:

NAIPE DE COPAS: Não se preocupe, a justiça será feita.

NAIPE DE PAUS: Se não tiver quem responda por você, trate de se conformar.

NAIPE DE OUROS: Argumente com calma e segurança e conseguirá reverter a injustiça.

NAIPE DE ESPADAS: Ignore e não insista. Só vai piorar as coisas. Espere um novo ciclo da lua, antes de voltar a questionar.

PARA CONFIAR NOS AMIGOS E COLEGAS

Um ditado antigo diz que ninguém nasce com estrela na testa para diferenciá-lo dos outros. Assim sendo, quem pode afirmar se o amigo do lado é amigo ou é aquele que vai lhe cravar o punhal na espinha?

A solução é embaralhar e tombar logo essa carta para saber.

NAIPE DE COPAS: Pode confiar cegamente nos que o cercam.

NAIPE DE PAUS: Mantenha as aparências, mesmo nos casos suspeitos. Evite mal-entendidos, passando por cima de algumas coisas. Só tem a lucrar com isso.

NAIPE DE OUROS: Evite tomar partido e gaste seu tempo observando. Se eles beberem, não beba e apenas ouça.

NAIPE DE ESPADAS: Quando se está num ninho de cobras, não se pode esquecer que o calcanhar pode ser uma arma ou uma fraqueza. Ataque primeiro.

PARA SE PREPARAR PARA CONTRATEMPOS

Nos países da América Central e do sul da América do Norte, saber prever os furacões é uma necessidade para a sobrevivência. Assim deve ser a vida, segundo os ciganos. Sua construção moral deve estar atenta e preparada aos vendavais que podem vir a qualquer momento.

Para se antecipar e saber o que há a caminho que pode afetá-lo(a), tombe a carta e interprete-a assim:

NAIPE DE COPAS: Você pode estar confiando demais na pessoa errada. Não dependa demais de uma só pessoa.

NAIPE DE PAUS: Atrasos e problemas a caminho, inclusive a perda de um amigo. Reconsidere se for preciso, mas não abra mão e seus princípios. Afinal, amigos, amigos; negócios à parte!

NAIPE DE OUROS: Cuidado! Pode perder bens valiosos neste momento.

NAIPE DE ESPADAS: Oportunistas estão a caminho, trazendo miséria e tristeza como presente.

PARA SABER QUE PROBLEMAS ENFRENTARÁ

Estar preparado já anula o efeito surpresa que atordoa as pessoas e as coloca à mercê de situações que acabam se tornando irreversíveis.

Não seja apanhado assim, fazendo como fazem os ciganos toda manhã, tombando a carta do dia e interpretando-a como se segue:

NAIPE DE COPAS: Problemas com familiares terão de ser antecipados e solucionados antes que gerem conflitos.

NAIPE DE PAUS: Os problemas que enfrentará envolvem amigos. Reconsidere e volte atrás, se preciso.

NAIPE DE OUROS: Dinheiro vai gerar brigas, a menos que você compreenda o que significa o ditado que diz assim: "é apenas dinheiro!".

NAIPE DE ESPADAS: Não faça nenhum acordo, negócio ou transação com pessoas pelas quais tem ou teve algum rancor, nem com aquelas que o(a) invejavam. Um ciclo da lua será um bom conselheiro para o assunto. Esperar não vai tirar pedaço de ninguém.

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AMOR & SEXO

Se há uma palavra que não existe no vocabulário amoroso dos ciganos é pressa. Em momento algum um casal cigano inicia um relacionamento amoroso preocupado com o tempo ou com o terminar logo.

Normalmente, uma relação para um casal de ciganos tem um significado muito especial, mesmo que sejam velhos amantes. É que cada vez é considerada como a primeira vez e toda a experiência de cada um é posta a serviço dessa idéia.

E o que resulta disso? Simplesmente essa idéia: a de que cada vez é sempre a primeira vez e isso faz uma diferença significativa, se considerarmos que casais mais antigos acabam transformando o sexo numa obrigação e não num prazer, numa seqüência de atos mecânicos e não numa nova descoberta.

Cada vez é sempre nova e sempre mágica. Isso se concretiza já no momento de iniciar o relacionamento. Por onde começar? Pode parecer uma pergunta sem sentido, mas está nisso todo o sentido do ardor e da paixão cigana.

Cada mulher e cada homem vai para o amor como quem vai pela primeira vez, buscando descobertas e não repetir erros e acertos passados. Faz diferença? Experimente amar um(a) cigano(a) e depois uma pessoa da sua raça. Saberá, então, do que estamos falando aqui.

PARA DESCOBRIR OS TRÊS ESTÁGIOS DA PAIXÃO

Há um conceito entre os hindus do chamado "sétimo céu" que, graças às fotonovelas, radionovelas e telenovelas, se transformou em sinônimo de êxtase amoroso.

Era, no entanto, um conceito vago e sem maiores referências, que gerou muitas frustrações, principalmente nas moçoilas da época do nascimento do rock, que julgavam que o sexo era como uma centelha que, uma vez inoculada, provocava um prazer que durava tanto que fazia a pessoa flutuar até atingir um nível de inconsciência.

O que os hindus chamam de sétimo céu, os ciganos chamam de terceiro estágio da paixão. E como chegar a ele? Simplesmente desconhecendo a palavra pressa.

Todo o segredo reside numa simples vela perfumada vermelha, de um terço do tamanho de uma vela normal. Ao adquirir a vela, meça-a a marque três estágios. Quando for fazer amor com quem você ama, leve em consideração os seguintes estágios:

Primeiro estágio da vela: movimento ereto e provocação

Tudo isso simplesmente quer dizer que, enquanto a primeira parte da vela se queima, vocês devem se movimentar e se provocar, mas seus corpos devem permanecer eretos, tocando-se, abraçando-se, movendo-se, indo no ritmo da música preferida. A dança e a música são as melhores companheiras nesse momento.

Segundo estágio da vela: movimento e inclinação

A partir desse momento, os movimentos deverão tender à inclinação, para que o contato dos corpos seja mais provocativo e sensual. A música e a dança continuam sendo as melhores sugestões, só que os movimentos devem ser suaves, longos e provocantes, apenas roçando, sem tocar diretamente, mas sugerindo o toque. Encostar-se nas paredes e nos móveis é aconselhável, mas a cama deve permanecer como uma sugestão ainda, sem que lhe seja dado destaque.

Terceiro estágio da vela: contato e horizontalidade

O toque é mais ardente e mais direto agora, detendo-se em provocar prazer. Deve ser inquieto e curto e os corpos devem se mover horizontalmente, invertendo posições constantemente. À medida em que a vela chega ao seu final, essas inversões devem ir se acentuando, até que a chama se apaga e a escuridão envolva os dois amantes.

A partir de então, tudo será válido e ardente.

PARA ATRAIR UMA MULHER

Para um homem atrair uma mulher cigana, antes de mais nada é preciso que ele não demonstre o menor interesse por ela, pois assim ela saberá o quanto ele a deseja. Quanto maior for a indiferença dele, maior será seu desejo por ela e cigana sabe disso.

Tudo isso se processa num nível mais ou menos consciente, pois a incerteza é que dá o tempero ideal. Para o homem isso é muito conveniente, porque se acontecer de ser recusado, a indiferença demonstrada será seu escudo e ele sairá da situação sem ferimentos em seu orgulho próprio.

Assim, para atrair uma mulher, o homem mostra-lhe indiferença e espera pelos sinais que ela dará em retorno. Um deles, o mais clássico e incontrolável de qualquer mulher será o sorriso e o gesto de passar as costas da mão pelos cabelos, jogando-os para trás da cabeça.

PARA ENVOLVER UM HOMEM

Para uma cigana apaixonada, o termo envolver é entendido literalmente. Quando ela se decide por um homem, nada há que a detenha, nem a pseudo-submissão que afirmam ser sua característica.

No fundo, os ciganos têm um respeito enorme pela determinação de suas mulheres que, assim como as demais, souberam delimitar novos espaços e ocupá-los.

Velhas e tradicionais práticas, no entanto, continuam valendo, como a de envolver um homem.

Quando uma cigana se apaixona, ela pega uma peça íntima do homem em questão e envolve-a apertadamente com uma fita vermelha, guardando-a depois dentro de seu travesseiro. Inicia, então, o cerco ao seu homem. Se estiver difícil, ela enrola nova fita na peça íntima, desta vez mais apertada que a anterior e vai fazendo assim até conseguir o que deseja.

PARA ENCANTAR

O encantamento cigano tem muito mais de movimentos e gestos do que de qualquer outro recurso, muito embora, mais do que as outras mulheres, elas saibam combinar talismãs de toda espécie para conseguir o que desejam.

Quando deseja encantar um homem, a cigana demonstra isso abertamente, ao contrário do homem, que finge indiferença. Os movimentos das mãos dela, sempre de fora para dentro, dão essa noção.

Quem já assistiu a uma dança cigana, como o flamengo, sabe o que isso significa. A mulher levanta alternadamente ora um dos braços, ora outro, girando a mão como se apanhasse alguma coisa no ar e trouxesse para frente de si. É o sinal e, ao mesmo tempo, é o movimento mágico que cativa e atrai o homem, mesmo contra a sua vontade.

Não são movimentos fáceis, mas não são, também, tão difíceis que não possam ser ensaiados e repetidos.

PARA FABRICAR UMA PAIXÃO

O vinho tem, para os ciganos, um significado todo especial, pois é uma bebida que vem de uma fruta com fortes ligações com a terra, mas que flutua acima dela, ao sol e no ar.

Muito mais do que uma simples bebida, o vinho chega ao requinte de ser considerado um afrodisíaco único, o verdadeiro e sempre cultuado em todo o mundo.

Quando uma cigana quer provocar uma paixão num homem, não uma simples paixão, mas algo realmente arrebatador, que torne desnecessários os três estágios da paixão, ela simplesmente dorme com uma garrafa de vinho tinto entre suas pernas durante as noites da lua cheia.

Após isso, ela convida seu escolhido para beber do vinho por ela encantado.

PARA A PRIMEIRA NOITE

A primeira noite de um casal de ciganos apaixonados tem algo de mágico e de intraduzível, porque se trata de uma experiência que eles consideram da maior importância, porque representa em si dois desafios: o primeiro, de ser a melhor experiência de suas vidas até aquele momento; o segundo, de ser inferior à experiência seguinte, como se amar fosse uma constante evolução e uma constante busca da superação.

O incrível é que, como se trata de algo cultural, isso é atingido com a maior naturalidade por eles, o que provoca inveja e admiração dos "gadjos", que não entendem ainda o sentido desse tipo de amor e desse tipo de paixão.

O que é preciso lembrar, no entanto, é que a arte cigana do amor já tem alguns milênios de experiências, tendo atingido um estágio que lhe dá o nível de excelência.

O segredo é simples. Na primeira noite, o casal não se vale da simpatia dos três estágios da paixão, mas a dos nove estágios, que consiste em usar uma vela de sete dias, dividida em nove estágios. Cada um deles corresponde a um tipo de ação, a saber:

Primeiro estágio: Cheirar e aspirar o perfume do corpo.

Segundo estágio: Palavras, exprimindo sentimentos e desejos.

Terceiro estágio: Toque de mãos.

Quarto estágio: movimentos eretos.

Quinto estágio: movimentos eretos e cheiros.

Sexto estágio: movimentos inclinados e palavras.

Sétimo estágio: movimentos inclinados e toques.

Oitavo estágio: movimentos inclinados e orais (uso da língua e dos lábios).

Nono estágio: movimentos horizontais, cheiros, palavras, toques, movimentos e atividade oral.

Observação: Os ocidentais afirmam que esses nove estágios são um exagero, mas normalmente são opiniões masculinas. As mulheres ocidentais, em sua maioria, simplesmente não acreditam que existem homens que podem esperar tanto.

Talvez por isso a cotação dos amantes ciganos se mantenha sempre em alta, em qualquer parte do mundo onde se peça a opinião feminina.

PARA ALUCINAR UM HOMEM

O número sete, além de ser um número cabalístico de alto significado, sempre esteve associado à magia cigana do amor e do sexo. Basta lembrar uma das danças mais eróticas e provocantes de toda a história da humanidade, a dança dos sete véus, para se perceber isso.

Uma cigana, quando quer deixar um homem a seus pés, não recorre nem aos três nem aos nove estágios da paixão. Ela simplesmente usa a dança dos sete véus.

Na verdade, existe uma escala a ser obedecida em relação às cores dos véus. Para isso, basta seguir, de qualquer direção, o espectro do arco-íris.

O que faz a diferença, no entanto, não é a cor dos véus, mas seu movimento, que deve ser sincronizado, já que três deles devem estar à altura dos seios, três abaixo do ventre e um no ventre. Esse, inclusive, é o primeiro a cair.

A música é rítmica e repetitiva, mas com acentos de flauta ou de um instrumento de corda que, combinado com uma percussão, marcam os movimentos de joelhos, que vão e voltam, fazendo os lenços se movimentarem na sincronia desejada.

Aliás, se isso for combinado aos três ou aos nove estágios da paixão, o mundo será poluído por suspiros de paixão e perturbado por gemidos de prazer.

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